Capítulo 11- Amores e acasos


Capítulo 11- Amores e acasos

Naquela semana, tudo parecia mais colorido, ainda mais quando o celular tocava. Lídia parecia não ter saído do dia em que conheceu Jorge. Sentia-se dentro do mesmo shopping, com as flores em sua direção e Jorge as oferecendo. Embora não tenha acontecido nada além de uma conversa naquele dia, a moça estava envolvida. E sentiu a mesma reciprocidade do rapaz.
-Eu merecia isso. E o Jorge também. - pensava Lídia.
Nem mesmo as investidas de Carolina em uma nova confusão abalaram as estruturas da apaixonada professora. Jorge sempre ligava no fim do expediente, e tudo parecia renovado, mais colorido. Carolina parecia não existir mais, isso frustrava a garota. E dava um novo fôlego na vida de Lídia. Mas essa lembrança do primeiro encontro não se tornava a única naquele momento.
Em um famoso barzinho na 406 Norte, com uma cerveja em sua frente e de olho no estacionamento, Lídia via seu amado descer do carro. A noite estava fria e o vento gelado balançava umas mechas de seus cabelos escuros. Mas a presença de Jorge trouxe calor àquele momento. Ela percebia todo o movimento do rapaz fechando a porta de seu carro, arrumando sua jaqueta e procurando-a. Quando seus olhos se encontraram, sorriram e então Jorge subiu as escadas do barzinho com mais confiança. Ele veio com um semblante tranquilo e receptivo:
- Demorei?
-Não. Acabei de chegar. Sente-se.
Jorge deu um beijo no rosto de Lídia, pegou a cadeira que estava em sua frente e sentou-se ao seu lado. As mãos de Lídia gelaram e seu coração batia forte.
- E aí? Como foi o seu dia?
- Foi tranqüilo. E o seu?
-Corrido. Estamos fazendo auditoria em uma conta bancária. Estamos desconfiando de lavagem de dinheiro. Mas o pai do rapaz que é dono da conta é poderoso. Por isso tem que haver cautela.
-Ah sim...
- Mas isso não importa. O que me importa agora é que estou feliz por estar aqui.
Jorge puxou e segurou o rosto de Lídia. Ela não ofereceu nenhuma resistência e a partir daí milhões de palavras foram ditas sem ser pronunciadas. Todo o desejo e felicidade dos dois se expressavam ali, diante de todos que estavam no bar. E eles estavam viajando. Juntos. Não foi um beijo qualquer. Foi um beijo guardado. Guardado há dias. E agora ele estava ali, unindo o que já estava unido. Dando certeza às impressões. Dando sentimento e calor à noite fria. O casal estava em uma outra dimensão. E nada mais importava naquele momento. Só o calor e o desejo. Lídia se sentia forte e invencível. Desejada. Jorge se sentia livre. E, em meio às pessoas, uma linda cena de um forte beijo se fazia presente.
Após o longo beijo, Lídia encostou sua cabeça no ombro de Jorge, que a abraçava, e disse, ainda ofegante:
- Obrigada por tudo. Você tem me feito muito bem.
- Eu que agradeço. Depois que eu te conheci, me sinto muito melhor. Você me transmite tranqüilidade de verdade.
Lídia sorriu.
Depois desse fato, os dois já agiam como namorados, mesmo sem ter havido o pedido oficial. Parecia não haver casal mais apaixonado naquele ambiente. Os dois se completavam e se olhavam com muito carinho.
Após algumas horas de conversa, se despediram com um beijo, e Jorge acompanhou Lídia até seu carro. Após vê-la partir, o rapaz pega seu carro e sai pela cidade, cantando uma música alegremente. Algumas pessoas estranham ao passar por ele, pois não contente em cantar, o jovem dança também. E as luzes do Eixo servem de palco para a apresentação. Seu carro vai deslizando na pista e o rapaz acena pra quem olha e aponta cantando a música, como se estivesse cantando para um fã. Ele se remexe no banco de uma forma engraçada, porém gostosa de ver.
E assim Jorge pega a estrada, rumo à sua casa. Até seu carro parece dançar.


A mesma música que tocava no carro de Jorge ecoa agora do quarto de Keysha. A garota está pronta para sair e Erick já ligou. A garota se balança ao som da música e pensa na noite que vem pela frente. Faz planos e se diverte imaginando inúmeras possibilidades. Chegando mais perto do espelho e caprichando na pesada maquiagem nos olhos, a garota lembra de Pedro, sentindo raiva devido ao último acontecimento.
-Babaca! - diz.
Quando a música acaba, a moça ouve batidas na porta:
-Keila! Estão te chamando!
-É Keysha, mãe! Avisa que eu to saindo! - grita a garota.
Após alguns minutos, tudo certo na checagem final de roupas, acessórios, maquiagem e cabelos, Keysha sai de dentro do quarto. Sua mãe se espanta por vê-la arrumada:
-Já vai pra gandaia?
Ela dá um beijo na mãe e vai saindo.
-Beijo, mãe. Daqui a pouco estou em casa.
Sua mãe se senta novamente de frente pra TV.
Keysha entra no carro, dá um selinho em Erick e fala com Rody, que está ao volante. Os rapazes vão na frente e a moça vai atrás, dando uma última conferida no batom e na maquiagem. No carro que os segue, está Nathan, uma moça e mais um amigo atrás.


Do banco da frente, Erick leva seu braço para o banco de trás e alcança a perna de Keysha. Ele olha para a moça e alisa sua perna. Ela apenas sorri e permite. Keysha olha as luzes da cidade. E isso a faz viajar. Não observa o caminho, apenas as luzes. Em sua cabeça passam milhões de pensamentos, e mais uma vez Pedro. Ela torce a cara e vê que Rody a observa.
-Hein, guria! Cadê a sua amiga revoltada? - pergunta o rapaz.
-Ela disse que talvez apareceria na boate hoje. Mas não é certeza, pois estava esperando a ligação do namorado.
- Ela curte um coroa, né?
Keysha fez que sim com a cabeça.
-O lance é grana! - exclama Erick.
-Mas isso eu tenho.
-Mas ela quer grana sem ter que transar pra isso! Há, há, há!
Keysha interrompe o papo:
-Olha só, vamos mudar de assunto? Não quero ver vocês falando da Keith na minha frente!
-Falou a dama ofendida! - provoca Rody.
-Ela é minha amiga, tudo bem?
-Perca seu dinheiro e vai ver se sobra um amigo...
Erick olhou sério para o amigo. Parece ter se sentido incomodado com o comentário de Rody.
-Que dinheiro eu tenho? – diz a moça.
-Mas você tem fama. Entra nos lugares de graça! Pessoas também sugam os populares.
Erick agora parece estar indiferente aos comentários.
Keysha se cala e continua observando as luzes que passam pelo caminho.
-Olha só galera! Vamos deixar de papo mole! Erick, bola um aí pra gente.
O rapaz se anima e prepara o cigarro de maconha.
-Vamos, galera, que a noite é nossa! - anima Rody.
Keysha olha pra trás e vê o carro de Nathan bem próximo.
-Esse seu amigo é gente boa, Rody! – comenta a garota.
-Keysha, o cara é brother!
-Imagino.
Eles fumam o cigarro de maconha e conversam sobre coisas triviais no restante do caminho.
Ao chegarem no escuro Setor de Oficinas Sul, estacionam o carro, descem e escoram no veículo, enquanto Nathan estaciona o seu. Rody levava algumas garrafas de Vodca e todos compartilhavam, entre cigarros.
Nathan desce do carro, parece animado:
-E aê, rapêize!
-Fala, Nathan! De boa?
-De boa.
Erick olha pra Keysha e, ao se virar para Nathan, pergunta com um tom irônico:
-E o rapazinho apaixonado da sua faculdade? Não trouxe ele pra dar mais um show pra gente?
-Ele tá apaixonado eu acho. Só vive atrás de uma menina de lá da facu.
Erick olha pra Keysha e vê que a garota sentiu um incômodo com a informação. Talvez para que Keysha esquecesse o que Nathan havia acabado de dizer, Erick a puxa e a beija. Todos fingem não ver e continuam conversando.
A boate estava lotada. Como sempre. Todos dançavam animadamente e o grupo de amigos foi adentrando o ambiente. Tudo parecia fazer sentido agora, com a magia dos neons agindo sobre seus corpos e a batida da música fazendo todos se sentirem muito animados. O celular de Keysha tocou e era Keith. A garota ainda tentou falar, mas não conseguiu ouvir o que a amiga dizia. Após alguns minutos dançando, eis que o celular vibra novamente. Ela vai a um lugar mais calmo e atende, mas sem sucesso. Não conseguia ouvir nada. Ao se voltar para sua turma, a moça de cabelos rosa repara que Erick dança voltado para uma garota. Ele parece já estar bêbado. Ela vê aquilo e começa a dançar sozinha. Nathan conversa com a moça que veio com ele. O amigo de Nathan está no bar comprando bebida. Rody dança como um louco. Keysha aproveita a distração de todos e cumprimenta as pessoas que conhece no ambiente.
As pessoas fazem questão de Keysha. Conversam com ela, chamam-na para estar por perto. Mas a garota sempre recusa. Raramente da o ar da graça para alguma turminha que a admira. Geralmente está com Rody e Erick, ou Keith. Por falar em Keith, o celular parou de tocar.
-Acho que ela ligou pra avisar que não vem. – pensou Keysha.
Mais uns minutos dançando e abraçando algumas pessoas e ela decide ir ao banheiro dar uma checada na maquiagem. Sai em meio à multidão, esbarrando em uns e desviando de outros. Todos estão eufóricos.
Ao adentrar o banheiro, a moça para em frente ao espelho e observa que a maquiagem do olho esquerdo está um pouco borrada. Ela chega mais perto do espelho para ver melhor. Eis que Keith sai de dentro de um dos box:
-Ah, safada! Eu to que ligo no seu celular!
-Oi! ,Caramba tava o maior barulho! Eu não te ouvia!
As duas se abraçaram.
-Vamos, Keith, os meninos estão aí.
-Vamos, amiga.
Ao passar da porta do banheiro, Keith segura a amiga:
-Amiga, só um momento que eu to com uma amiga que conheci aqui! Ela é super gente boa.
-Ah, beleza!
-Olha ela ali no bar. Vamos lá.
Keysha observa a nova amiga de Keith e vê pelas roupas e pela altura, que não se trata exatamente de uma mulher:
-Aqui estamos! - diz Keith.
-Oi! Eu sou a Keysha! Tudo bem?
-Oi, linda! Prazer, eu me chamo Khrysthyanne Andrielly, ao seu dispor.
Keysha sorri.


>>>>(continua no final dessa semana!)<<<<<

*Na foto, o mais novo casal romântico de Brasília: Jorge e Lídia!

**Música que animou Jorge após seu encontro com Lídia:

Led Zeppelin - Immigrant Song

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